…amassar, sentindo a resistência da argila e da massinha, fortalecendo os músculos que um dia sustentarão o lápis com firmeza.
…rasgar, explorando o som e a textura do papel, enquanto desenvolvem a coordenação motora fina e a precisão dos movimentos.
…apertar, ajustando a força e aprendendo que cada pressão provoca um efeito diferente, preparando o controle necessário para traços e letras.
…desenhar com os dedos, deixando marcas e traços que traduzem ideias, emoções e o início da linguagem gráfica.
…enrolar, transpor, encaixar, coordenando movimentos finos e a visão, fundamentais para o domínio do gesto escrito.
…mergulhar, explorando água, areia, grãos e tecidos, ampliando a percepção tátil e o repertório sensorial.
A escrita começa muito antes das letras. É por meio das atividades sensoriais que as crianças constroem as bases motoras, cognitivas e emocionais que sustentarão toda a trajetória como escritoras.
“Cada manipulação é um treino possível para a escrita. É nesse processo que se fortalecem os músculos, aguça-se a percepção e desenvolve-se o controle dos movimentos finos”, destaca a coordenadora Arlete Lopes.
Inspiradas por grandes referências como Jean Piaget, Maria Montessori e Loris Malaguzzi, e amparadas pelos avanços da ciência cognitiva, as propostas pedagógicas ultrapassam o simples ato de usar lápis e papel. Valorizam-se as experiências ricas em toque, pressão, deslocamento e construção, reconhecendo que a mão é, simultaneamente, instrumento de criação e veículo do pensamento.
“A criança que experimenta, testa e cria com as mãos está aprendendo a pensar e a se expressar. A escrita surge, então, como mais uma forma dessa expressão”, conclui Arlete.
Assim, cada pedaço de argila moldada, cada punhado de lama, cada grão de areia ou espuma manipulada, na verdade, é um tijolo invisível na construção do gesto de escrever.